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sábado, 19 de março de 2011

Passe Livre - Crítica


“Se Beber, Não Case” realmente deixou sua marca entre as comédias Até os irmãos Bobby e Peter Farrely, que há mais de dez anos não faziam um bom filme, nos entregando besteiras como “Antes Só do que Mal Casado” (2007) e “O Amor é Cego” (2001), tiveram de adaptar seu estilo ao beber da mesma fonte de Todd Phillips, de um cinema inteligentemente insano feito para os adultos. Com homens, digamos, já bastante vividos nos papéis principais, a dupla de cineastas, porém, também inclui um toque particular na película, transformando este “Passe Livre” em um longa bastante divertido, que faz ri aos montes, mas também cheio de sentimento, pronto para emocionar (mesmo que em menor escala) os que optarem por embarcar nas doidices aprontadas por homens muito bem casados.
O nome deles? Rick (Owen Wilson) e Fred (Jason Sudeikes), dois genuínos representantes da pura masculinidade. Ou pelo menos é assim que eles se portam diante e longe de suas esposas, sem medo de olhar para o “derrière” de outras mulheres mesmo de braços dados com aquelas ou tendo como único papo particular tudo que envolve o sexo oposto. O cuidado dos três filhos parece atrapalhar a atual vida sexual do casal Rick e Maggie (Jenna Fischer), assim como a rotina e o imenso tesão de Fred anda incomodando o entendimento na cama entre ele e Grace (Christina Applegate).
Minimamente cansadas do comportamento de seus maridos, também motivadas por um episódio bastante embaraçoso protagonizado por eles, as duas decidem aceitar o conselho de uma amiga mais experiente e dão passe livre por uma semana completa. Os dois ficarão sozinhos em casa, tendo liberdade para fazer o que bem entendem na hora e no lugar que acharem melhor. O problema é que Rick e Fred deixaram de olhar para o espelho nos últimos dez anos, o que transformará estes dias em uma lenta, inusitada e engraçada caça por mulheres.
O grande barato de “Passe Livre” é possuir dois tons distintos que, por mais que unidos não soem harmonizantes, são absolutamente bem sucedidos. O primeiro deles, apresentado logo na introdução do filme, é bem mais comedido do que o segundo, trazendo uma comédia de costumes que trata de mostrar a vida dos dois casais principais, incluindo até convincentes histórias de amor que acrescentam credibilidade ao que estamos vendo em tela. Não se está diante de uma comédia qualquer que deseja fazê-lo gargalhar unicamente a partir de situações fora do padrão de uma chata rotina.
Estamos diante de um filme protagonizado por personagens carismáticos, aparentemente (pelo menos três deles são) maduros e verossímeis que choram, riem, decepcionam-se, contam historinhas para os filhos dormirem, permitem se reapaixonar, apenas para decepcionarem-se mais uma vez. Rick e Maggie, em competentes desempenhos de Owen Wilson e Jenna Fischer, cumprem muito bem essa função, sendo o motivo principal pelo qual lembraremos deste filme por suas aventuras engraçadas e ao mesmo tempo sentimentais. A cena em que Rick cita uma parte do peito para falar sobre a esposa e os filhos se destaca em meio a outras tantas também de alta qualidade.
Por outro lado, o roteiro dos Farrelly, em parceria com Pete Jones e Kevin Barnett, dá a Fred a chance de ser uma versão remodelada do aclamado Alan. Aqui Jason Sudeikes interpreta um marido viciado em sexo, mas não em praticá-lo (vide suas hilárias incursões masturbatórias em seu próprio carro), e sim em falar sobre o assunto. Se em “Se Beber, Não Case” não faltou vigor na noite anterior aos quatro protagonistas, aqui a idade já bateu para eles. Explorando com genialidade a incapacidade de Rick e Fred cumprirem o que tanto pregam, o longa traz inúmeras sequências cômicas que revelam para onde foi o apetite sexual da dupla.
São seis dias em busca de tentações, mas pouco sobra para eles. Os motivos variam, indo desde a falta de físico de encarar uma noitada após uma inveterada comilança, passando pela escassez de cantadas realmente eficientes, até o peso exercido pela aliança que carregam na mão esquerda. Com um humor que vai de refinado a escatológico (com direito a uma chocante cena na sauna da academia que poderá abalar os mais recatados), o filme faz rir como poucos, trazendo até uma visão machista que, por mais que seja questionável principalmente aos olhos das mulheres, contribui para o aumento do nível das gargalhadas.
Perdendo a mão apenas com alguns leves exageros, os irmãos Farrelly entregam sua melhor obra desde “Quem Vai Ficar com Mary?” (1998). Inspirando-se em Todd Phillips, mas passando longe de imitá-lo, os diretores deverão agradar tanto os fãs de comédia como aqueles que amam o cinema como um todo, mesmo que “Passe Livre” não possa ser levado tão a sério, assim como a lábia de seus protagonistas. É diversão garantida.
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Darlano Dídimo é graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, não a substituindo por nenhum outro entretenimento, por maior que ele possa ser.

De Cinema com Rapadura

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