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domingo, 29 de maio de 2011

Se Beber, Não Case! Parte 2: trama é quase uma repetição da anterior


Mudanças de ares são boas às vezes. No caso de “Se Beber, Não Case! – Parte II” não foi. O diretor Todd Phillips infelizmente nos apresentou a uma versão quase idêntica do primeiro longa, apenas com piadas mais extremas, decepcionando aqueles que foram pegos com as calças na mão pelo primeiro filme, apresentando simplesmente mais do mesmo.
Alguns anos depois do casamento de Doug (Justin Bartha), agora é a vez de Stu (Ed Helms) se tornar um homem sério, tendo um encontro marcado no altar com a bela Lauren (Jamie Chung) no país dos pais dela, a Tailândia. Apesar da insistência de Phil (Bradley Cooper), o dentista se recusa a realizar uma despedida de solteiro por conta do trauma que teve com a de Doug. No entanto, na véspera do casório, Phil, Stu e Alan (Zach Galifianakis) acordam no meio de Bangcoc, sem se lembrar de nada do que aconteceu na noite passada. E, para piorar, perderam o irmão de Lauren, o jovem gênio Teddy (Mason Lee), na perigosa capital. Para encontrá-lo, o trio terá de  encarar a cidade, topando com figuras pitorescas e velhos conhecidos no meio do caminho.
Logo nos primeiros segundos de projeção, já recebemos o alerta: “Aconteceu de novo“. E este é realmente o espírito da produção: tudo acontece de novo, mas com pequenas mudanças. Deste modo, quase não há surpresa. Sabemos exatamente o que vai acontecer no decorrer do filme porque já o assistimos nos cinemas dois anos antes, matando parte da graça das situações. A estrutura dos acontecimentos é absolutamente a mesma, até o estranhamento inicial de Alan com os amigos, o que é estranho considerando o final do longa anterior.
O roteiro de Craig Mazin, Scot Armstrong e do próprio Todd Phillips tenta compensar isso por meio do choque, aumentando o tom sombrio da trama, o que algumas vezes não funciona. Ao invés de risadas, o que sobra em alguns momentos é o mero assombro. O mais triste é que, em alguns momentos da fita, somos apresentados a lances absolutamente geniais, como a visão de Alan do mundo, um dos melhores momentos da produção.
O gordinho, aliás, é uma faca de dois gumes. Sim, Zach Galifianakis é um gênio da comédia e acerta na mosca ao vivê-lo não como uma piada ambulante, mas como uma criança presa no corpo de um adulto. Existe muito de Buster Keaton em sua interpretação, tendo em vista que Galifianakis é um comediante “sério”, que não vê a piada em si, mas que deixa o público apreciar o resultado cômico. No entanto, a fita simplesmente tenta enfiar isso goela abaixo do público, quebrando o equilibro dentro do “bando de lobos”.
Quem mais sofre com isso é Phil, com Bradley Cooper sendo relegado a servir de “escada”. Isso porque, novamente, o foco “dramático” da trama é a falta de confiança de Stu, algo que pensamos que o dentista tinha conseguido superar no filme passado, não dando muito material novo para Ed Helms trabalhar. Note que seu arco narrativo, a exceção do casamento, é idêntico ao do primeiro longa.
A despeito de sua falta de inovação, Todd Phillips continua sendo um soberbo diretor, que sabe imprimir ritmo à história. Ele insere uma ótima cena de perseguição em plena Bangcoc, sequência melhor que a de muitos filmes de ação por aí. A fotografia explora bem as locações tailandesas, sendo bastante clara ao mostrar o verdadeiro mato sem cachorro que os personagens estão até mesmo pelas cores saturadas que dominam a tela durante a jornada dos personagens. A ótima trilha sonora também ajuda a produção a ganhar momento e nunca ficar monótona.
Não estou dizendo que o trio principal não seja talentoso, que não ri durante os 102 minutos de projeção, nem que “Se Beber, Não Case! – Parte II” é um desastre. Sim, o longa é engraçado, mas é muito similar a uma reprise da fita original, o que o torna decepcionante. Quando alguém chega dizendo que tem uma piada nova e nós já a havíamos escutado antes, por melhor que ela seja, nunca rimos como na primeira vez.
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Thiago Siqueira é advogado por profissão e cinéfilo por natureza. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.

De Cinema com Rapadura

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