RochaXY – S02E05 – Power Rangers

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Amizade Colorida: você está pronto para manter o sexo casual?


Algumas comédias românticas, por mais previsíveis que possam ser, agradam os sentidos do espectador, seja pelas situações risíveis que carrega em seu roteiro, seja pelo carisma de seus protagonistas ou, ainda, pelos atributos físicos do mesmo. “Amizade Colorida” é absolutamente previsível, mas por ter em seu escopo todos os elementos acima citados, acaba sendo uma diversão interessante para uma noite sem muitas opções.
O diretor Will Gluck traz em sua filmografia duas comédias anteriores: a pouco conhecida “Pelas Garotas e Pela Glória”, típica comédia adolescentóide com seu ambiente ginasial e líderes de torcida, lançada em 2009, e a bem-sucedida “A Mentira”, de 2010, que colocou Emma Stone no papel principal e surpreendeu o público pela originalidade de algumas situações, arrecadando uma boa bilheteria e ganhando uma indicação ao Globo de Ouro. Agora, com “Amizade Colorida”, Gluck parece solidificar sua imagem como fração dotada de alguma criatividade entre tantos realizadores de comédias românticas e, embora não faça um filme que seja inovador por completo, sabe trabalhar bem com as potencialidades de seu gênero.
Potencialidades que começam com os protagonistas, dois nomes de apelo junto ao público. O cantor e compositor com incursão pela sétima arte Justin Timberlake carrega para os cinemas sua parcela feminina de fãs e dá conta dela com um talento adequado para sua proposta, sempre demonstrando equilíbrio entre as situações e fugindo das atuações exageradas ou insuficientes.
A ucraniana Mila Kunis, famosa por sua personagem em “Cisne Negro”, ainda não demonstra tamanha naturalidade enquanto promove uma ou outra situação cômica, embora sempre ofereça bons momentos quando assume os traços dramáticos de seu papel. Mesmo assim, é digno de destaque o esforço exibido por ela e a capacidade de fazer humor com seus próprios “defeitos” – dela e da personagem. O nome de Woody Harrelson aparece para, vez por outra, romper com a hegemonia do casal, e ele está impagável como o gay másculo da editoria de esportes de uma grande publicação. Vocês sabem o que esperar. Harrelson é Harrelson.
A química entre o casal é natural, quente, excitante, beira o animalesco, e o roteiro – também de Will Gluck – sabe valorizar o que tem em mãos. Em uma história em que o sexo casual é a palavra de ordem, os protagonistas atendem perfeitamente aos requisitos exigidos para boas – e divertidas – cenas de sexo. E elas estão lá, em todos os lugares, cômodos e posições imagináveis, com uma riqueza de detalhes surpreendente para a classificação indicativa que sustenta.
Não que o público vá presenciar cenas explícitas – isso fugiria da proposta cômica-romântica do roteiro –, mas as sequências de sexo carregam, para além do que faixa etária permite, algo de picante que não é facilmente conseguido nem por produções direcionadas ao público adulto. São corpos sem roupa marcados por lençóis de seda, expressões de êxtase e pedaços de pele que escapam das cobertas, tudo captado de modo original pelas câmeras de Gluck, cheias de ângulos curiosos. Na segunda metade do longa, quando o sexo casual começa a assumir ares não tão casuais assim, é perceptível a mudança de tratamento demonstrada pelas lentes do diretor, que passa a trabalhar de modo mais romântico e idealizado. Melhor seria se tudo continuasse como antes…
Para acompanhar o roteiro ágil, uma trilha sonora moderninha está por trás da trama: Bruno Mars, Eric Paul, Janelle Monáe, Train, Death Cab For Cutie, Greg Laswell e muitos outros nomes que fazem boa música pop. É difícil não sair do cinema cantarolando os versos de “Hey, Soul Sister”, do Train, ou não tamborilar na poltrona enquanto toca “Tightrope”, da Janelle Monáe.
“Amizade Colorida” é um filme divertido, bem construído com suas cenas apimentadas e que sabe dosar de modo satisfatório o humor e o drama de seus protagonistas. Algumas sequências são realmente agradáveis, como a construção da apresentação dos personagens, em uma sobreposição de diálogos que vai ser explicada segundos depois. Talvez alguns reclamem da escassez de situações cômicas no roteiro, mas arrancar gargalhadas sonoras nem sempre é sinônimo de qualidade.
______________________________________________________________
Jáder Santana é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Experimentou duas outras graduações antes da atual até perceber que 2 + 2 pode ser igual a 5. Agora, prefere perder seu tempo com teorias inúteis sobre a chatice do cinema 3D.


De Cinema com Rapadura

Nenhum comentário:

Postar um comentário