RochaXY – S02E05 – Power Rangers

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Killzone 3 - Crítica

Existe uma grande dose de responsabilidade em ser considerado como carro-chefe de um console, e cada sistema tem o seu. Se o XBox se sustenta em grandes pilares como Halo e Gears of War, o Playstation 3 se sustenta em UnchartedGod of War e Killzone. Neste caso, Killzone 3 (exclusivo do PS3) ainda recebe um pouco mais dessa responsabilidade do que as aventuras de Nathan Drake e de Kratos, por englobar algumas das funcionalidades que a Sony quer vender a seus consumidores, como o 3D e o PS Move. Só que no fim das contas, os gamers querem jogos épicos, surpreendentes, de qualidade e com algo a mais. E nestes pontos, Killzone 3 cumpriu sua missão.

Para aqueles que não conhecem, Killzone é uma série que nasceu ainda no PS2, e fez um relativo sucesso, mesmo já quase no fim da vida do sistema. Teve sua estréia no PS3 com Killzone 2, em 2009, passou pelo PSP como uma versão isométrica contando side-stories da mesma época dos demais games, e teve seu “terceiro” capítulo lançado em fevereiro de 2011 também pro PS3.

O plot principal vem desde a época em que o Império Helghast se recuperou de sua derrota, na Primeira Guerra Helghan,  e lançou um ataque contra a ISA (Interplanetary Strategic Alliance, do qual faz parte a Terra) na colônia do planeta Vekta, ainda no primeiro game.

Os helghast são uma espécie descendente do grupo humano que colonizou o Planeta Helghan há gerações, mas desde a colonização não são mais considerados humanos: eles são mais fortes, mais rápidos e mais resistentes do que os seus semelhantes humanos e possuem um irracional ódio pela humanidade, além de um senso de superioridade. E se você achou esta história um pouco familiar, você não está errado.

Toda a áurea do jogo remota fortemente aos acontecimentos da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), do surgimento e ascensão do nazismo, e à segunda grande Guerra (1939 – 1945). Seja pelos principais personagens da “etnia” Helghast, contando com o general assassino, o líder fervoroso, e os comandantes com suas características próprias, ou seja pelo símbolo que se assemelha fortemente à suástica, a tônica de Killzone é uma re-leitura dos eventos das guerras já sofridas pela Terra, numa roupagem espacial em ficção científica. E Killzone 3 pode ser considerado o Dia D para a humanidade nesta outra guerra.

Você assume o papel de Tomas “Sev” Sevchenko, que tem a “pequena” missão de terminar a ação militar começada no game anterior. Para quem não jogou Killzone 2, no final deste game a situação não era boa pra ISA: o Imperador Scolar Visari havia sido abatido, e seus principais comandantes militares Helghast derrotados, mas a organização estava longe de se dar por vencida, e, pelo contrário, preparava uma grande ofensiva contra a Terra, último local de resistência humana conhecido.

Contando com alguns poucos soldados, Sev, seu parceiro Rico e seu comandante Narville tem a quase impossível tarefa de invadir a sede do poder militar adversário e destruir suas últimas invenções, antes que tudo isso seja transportado pra Terra, e se possível, acabar com o comando dos Helghast.

Infelizmente, a história começa bem, mas é deixada de lado quando os objetivos já estão claros a sua frente, e por quase toda a etapa final não existe mais desenvolvimento, plot-twists ou grandes revelações. Muitas pontas soltas ficam pra trás, e a criação de um “Killzone 4” é praticamente necessária para fechar o plot.

Graficamente, o jogo realmente impressiona. Os cenários são muito bem trabalhados, e dão ênfase à  criação de um universo inédito, peça fundamental na criação de histórias sobre planetas desconhecidos. Os locais são bastante amplos, e embora o personagem siga por um caminho relativamente fixo (como a maioria dos FPSs), é possível ter uma noção da grandiosidade que a Guerrilla Games quis dar ao gráfico do jogo.

Para um mesmo objetivo (ir de A até B), você tem pequenas variações para adaptar ao seu estilo de jogo (mais combativo, se movendo pelos covers, ou mais furtivo, passando por corredores laterais e cercando os adversários). Mas em resumo, o caminho geral é um só, como a maioria dos FPSs.

E em quase todas as partes é possível ver os mínimos detalhes sobre cada elemento, seja na floresta nativa de um dos refúgios militares da ISA, seja nas geleiras da prisão improvisada mais ao norte da capital, seja nos símbolos Helghans em cada uma das caixas dentros dos galpões militares, e tudo isso com uma gama de cores ampla que não destoa do que poderia ser verdade. A modelagem dos personagens também merece destaque, sendo possível identificar cada aliado no meio do fogo cruzado, e cada classe de inimigos no campo de batalha.

A violência da guerra não foi menosprezada. Cada golpe arranca sangue dos inimigos, tiros de grosso calibre abrem rombos nos corpos adversários, e uma bala de um rifle sniper transforma uma cabeça numa poeira de sangue e destroços com uma fidelidade impressionante. Os ataques corpo a corpo ganham detalhes mais agressivos, e mesmo numa situação envolvendo tiros, fumaça, fogo e explosões, o grau de definição não perde nem um quadro. Mesmo em batalhas campais, com 10 inimigos de cada lado, mais tanques, mais mechas, além da ambientação, o jogo roda sólido.

Cada cenário parece sentir os efeitos de devastação sofrida devido à guerra, e o visual corresponde muito bem. A Guerrilla Games tinha a “pressão” de tirar o máximo de proveito sobre o que o PS3 poderia fazer, e conseguiu cumprir, deixando o jogo leve, sem parecer que sobrecarregou o sistema. O resultado é impressionante.

A trilha sonora cumpre bem seu papel, e dá o tom certo em cada uma das partes. Já na tela de abertura, pode-se sentir sobre o que o jogo trata, somente ouvindo a composição clássica que acompanha o vídeo inicial. Durante o jogo, o som de cada arma é diferenciado, ajudando a identificar o tipo de armamento dos aliados e dos inimigos, assim como o som do impacto nos adversários ajuda a identificar o tipo de inimigo, se ele é orgânico ou não, se ele tem armadura ou não.

Falando nisso, você vai enfrentar novos inimigos. Depois da morte de Scolar Visari, um grupo de militares fiéis a ele assume o poder, e entre eles consta Stahl, CEO da maior fornecedora bélica do regime imperial, que secretamente almeja o poder. Além dos já conhecidos soldados Helghan, entram em ação droids voadores não tripulados, robôs articulados semelhantes a tigres armados com metralhadoras, e veículos de combate pesado, sendo um deles semelhante a um AT-AT, só que de 3 pernas e com um canhão capaz de derrubar o maior dos cruzadores espaciais da ISA com um tiro.

Dos inimigos orgânicos, a nova classe a aparecer é a dos Stealth Snipers, com capacidade de se camuflar totalmente, e dos Strikers, soldados mais rápidos e resistentes, especializados no combate corporal, capazes de te dar calafrios somente aparecendo na tela. Alem destes, retornam ao jogo os soldados Helghan dos games anteriores, com seus rifles de combate, suas shotguns, granadas, e a mais recente invenção das Indústrias Stahl: um raio esverdeado que reage à movimentações bruscas e simplesmente implode seu alvo.

A Guerrilla Games anunciou que colocaria mais veículos nos jogos para diferenciar um pouco o gênero de FPS, e cumpriu a promessa. Você pilota tanques, snow-mobiles, e dois veículos que merecem destaque: o JetPack armado, e as naves espaciais. Destes últimos, as naves espaciais são as menos inesperadas, já que um jogo que trata de invasões planetárias passa pelo espaço eventualmente. O destaque aqui fica por conta do cenário que realmente remota à grandes guerras já mostradas no cinema, notoriamente Star Wars. O cenário é recheado de naves inimigas, de todos os tamanhos, e você precisa derrubar um cruzador que tem só 500 vezes o seu tamanho, e a jogabilidade dessa seção não deixa a desejar em nada mesmo se tratando de um outro gênero dentro de um FPS.

Já os JetPacks são a grande novidade mesmo. Não só eles realmente são divertidos de se jogar, eles acrescentam estratégia no seu gameplay. Na fase onde eles aparecem, você precisa invadir uma base, e ter os JetPacks ou não muda a forma com que você executa a infiltração. Embora sejam fáceis de manejar, eles exigem atenção por ter um estoque de combustível limitado, e você conta com uma metralhadora para derrotar os inimigos em terra, além dos outros em JetPacks.

Fora do modo principal, Killzone 3 ainda reserva o modo Multiplayer, que foi um dos mais consagrados à  epoca do seu lançamento, rivalizando com Modern Warfare e Bioshock 2. Os mapas retornam com cenários tirados desta versão do game, e mantém a proporção do anterior, ou seja, espere por mapas grandes com várias opções de refúgio, bases inimigas e pontos de respawn. Nos modos de jogo, estão presentes os mais conhecidos, como Guerrilla Warfare, nome dado ao Team Deathmatch, Warfare, que é o simples Mata-Mata, e o modo mais diferenciado, chamado Operations, onde os objetivos vão mudando dentro do mesmo jogo, por prazos de tempo ou de vitórias. É um pouco mais dinâmico porque engloba as demais fases e objetivos do modo multiplayer. Ainda há um modo cooperativo, mas o fato dele ser somente offline acaba com qualquer motivação de jogar. Claro, enfrentar as tropas Helghans acompanhado é melhor, principalmente quando se é abatido, mas a tela dividida agride aos que estão acostumados a jogar numa tela só.

Podemos dizer que Killzone 3 cumpriu com honras muito do que prometeu, embora tenha algumas falhas. O jogo é belíssimo, se utilizando bem da potência do PS3, porém a falta de atenção dada à história (principalmente na parte final) poderia ter sido revista. O modo multiplayer consegue se manter além do seu anterior, e é um dos mais divertidos que temos nessa época, cativante e de fácil aceitação.


Escolher uma classe e juntar pontos para que esta mesma classe se desenvolva é fácil, e logo você estará num ranking bem alto, apesar da dificuldade dos modos online. Ao exigir bastante do PS3 em termos gráficos, e mesmo assim mostrar um jogo fluido, a Guerrilla Games garante seu lugar nas desenvolvedoras de respeito da nova geração, e Killzone 3 pode descansar sabendo que seu papel foi cumprido.

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