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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Missão Impossível 4: Brad Bird entra com o pé direito nos filmes live-action


Quem viu “Os Incríveis”, longa da Pixar dirigido por Brad Bird, sabe que o cineasta é um fã incondicional da franquia “Missão: Impossível”, lançando mão de diversas referências à série dentro daquela animação. Pois bem, o maior acerto dos produtores Tom Cruise e J.J. Abrams na feitura deste “Missão: Impossível – Protocolo Fantasma” foi ter chamado Bird, que nunca havia comandado um longa em live-action, para assumir o leme da quarta película para o cinema do Agente Ethan Hunt.
Após o seu “felizes para sempre” no final de “M:I-III”, parecia que Hunt (Cruise) nunca mais assumiria uma missão da IMF. No entanto, nosso herói já começa este filme preso na Rússia. Após sair de lá, com a ajuda da agente Jane Carter (a estonteante Paula Patton) e do recém-promovido às operações de campo Benji (o sempre hilário Simon Pegg),
Hunt e sua equipe têm de lidar com uma ameaça de guerra nuclear provocada pelo insano terrorista Hendricks (Michael Nyqvist), também conhecido como Cobalto. Quando a missão dá errado e a IMF é desativada, Ethan e sua equipe improvisada, com a ajuda do analista Brandt (Jeremy Renner), se lançam para deter Cobalto antes que um conflito entre EUA e Rússia comece.
A fita pode ser descrita como um trabalho da DreamWorks dirigido por um homem da Pixar (com direito a um A113) e feito com atores reais. Digo isso porque o foco da produção é divertir, sem inventar muito no meio de campo, desejando apenas entreter o público com uma aventura de tirar o fôlego.
Nesse sentido, a contratação de Bird foi ouro puro, com o diretor arquitetando as melhores cenas de ação da franquia e, com a ajuda do consagrado montador Paul Hirsch, impondo um ritmo tão alucinante à projeção que acabamos por ignorar os problemas óbvios que o roteiro possui.
script é extremamente genérico e não precisaria de muitas revisões para ser aproveitado por qualquer outra franquia, dando pouquíssima “voz” para seu protagonista. Somente por enxergarmos em Tom Cruise a figura de Ethan Hunt é que reconhecemos o personagem, além de algumas menções feitas ao terceiro filme da série, incluídas aqui e ali durante a projeção, especialmente em seu epílogo.
Além disso, o texto carece de um bom vilão, desperdiçando o competente Michael Nyqvist em um antagonista que não possui função dramática, jamais despertando raiva ou qualquer sentimento junto ao público, servindo apenas para ser o terrorista maluco da vez. Isso é especialmente decepcionante após o ótimo trabalho que Phillip Seymour Hoffman fez no episódio anterior da franquia, causando ódio na audiência desde sua entrada em tela.
Apesar disso, em momento nenhum a fita se leva muito a sério, com a equipe de Hunt percebendo os absurdos nos quais se metem e fazendo graça deles, e o timing cômico de Simon Pegg sendo impecável nesse ponto. Outro “detalhe” que faz com que o filme flua de maneira mais leve é o domínio de cena que Tom Cruise exerce. Mesmo beirando os 50 anos de idade, o astro possui aquele tipo de carisma que nos faz pensar logo “esse é o cara”.
O papel de Ethan Hunt lhe dá a oportunidade de fazer o impossível na tela de um modo que a audiência aceita as façanhas insanas que surgem na tela, quase como se ele fosse um super-herói (o fato de que o ator não usa dublês em algumas cenas mais arriscadas contribui para esse efeito). Isso permite que Brad Bird insira Hunt e os membros da IMF em sequências de ação que parecem vindas diretamente de “Os Incríveis”, inclusive com tiradas hilárias realmente engraçadas mescladas dentro da ação, o que dá àqueles momentos deliciosamente impossíveis um charme todo especial.
Jeremy Renner chega bem na franquia, mostrando disposição para o gênero de ação e desenvoltura para lidar com os necessários momentos mais bem-humorados da fita (“Da próxima vez, EU seduzo o ricaço”), além de seu pequeno plot em relação ao passado de Ethan ser um dos poucos em toda a série a exploraro psicológico do protagonista.
O filme ainda possui participações especiais de Tom Wilkinson como o secretário de defesa americano, Josh Holloway como um agente da IMF, Léa Seydoux como uma lida e mortal assassina (com direito acatfight com Paula Patton), além do retorno de outros dois atores dos capítulos anteriores, cujos nomes devem ser mantidos em sigilo. Por falar em retornos, não podemos olvidar o trabalho do sempre competente compositor Michael Giacchino, que aqui volta a brincar com o tema musical clássico criado por Lalo Schifrin.
Brad Bird manteve suas características como cineasta nesta transição da animação para a ação ao vivo, como o ritmo rápido, a musicalidade de suas cenas e a predileção por um tom mais vintage ao orquestrar até mesmo as cenas mais movimentadas. O resultado da estreia de Bird no mundo live-action é um verdadeiro presente de Natal para os fãs de filmes de ação, capaz de prender na cadeira audiências de todos os tipos, mesmo sem um roteiro impecável.
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Thiago Siqueira é advogado por profissão e cinéfilo por natureza. Formou-se em cursos de Crítica Cinematográfica e História e Estética do Cinema.


De Cinema com Rapadura

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