Que os críticos mais convencionais me desculpem, mas para ser bom um filme de ação só precisa de uma história interessante, um ator razoável e muitos, muitos tiros e carros voando pelos ares. Tudo o que foge desse clichê e tenta surpreender precisa ser dotado de qualidade inegável para não decepcionar. Para a satisfação dos admiradores do gênero, “Assassino a Preço Fixo” tem tudo o que agradou a legião de fãs de filmes como “Duro de Matar”, “True Lies” e“Máquina Mortífera”.
O roteiro é simples. Um matador de aluguel (Jason Statham) toma como parceiro um jovem desajeitado (Ben Foster) e tenta inseri-lo no rol dos assassinos profissionais de sua região. Os roteiristas Richard Wenk e Lewis John Carlino ainda incluíram um intricado drama familiar que garante maior dinamismo e não compromete os momentos de ação. O protagonista foi traído e teve que assassinar seu mentor (Donald Sutherland), pai do personagem de Foster. O grande mote do filme é a busca dos parceiros por vingança: Statham à caça dos traidores e Foster à procura do assassino do pai.
O trabalho é um remake do filme de mesmo título lançado em 1972 com o nome de Charles Bronson encabeçando o elenco. Naquela ocasião, Bronson eternizou o olhar lancinante da vingança e reafirmou seu entrosamento com armas de todos os tipos, características já percebidas no anterior “Era uma Vez no Oeste” e oficializadas em “Desejo de Matar”, de 1974.
Statham ainda não recebeu o reconhecimento dado a Bronson, mas sua carreira bem direcionada é suficiente para colocá-lo no posto de melhor ator do cinema de ação dos últimos dez anos. Partindo de papéis coadjuvantes em produções de peso como “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “Snatch – Porcos e Diamantes” (ambos de Guy Ritchie), o ator britânico assumiu personagens de destaque em filmes de grande apelo junto ao público, como em “Os Mercenários”, as três versões de “Carga Explosiva” e “Roque – O Assassino”. Como nome frequente na escalação de atores para filmes do gênero, é de se esperar que seu currículo seja formado por um número se fim de produções duvidosas. Para nosso contento, algumas delas valem o preço do ingresso.
O parceiro de Statham em “Assassino a Preço Fixo”, Ben Foster, ainda não saiu do espaço destinado aos coadjuvantes. Seus esforços em filme como “Pandorum”, “30 Dias de Noite” e “Os Indomáveis” não foram suficientes para garantir maior destaque nos projetos que seleciona. Com uma atuação convencional e pouco arrojada, Foster consegue provar que é o ator adequado para qualquer tipo de papel, em qualquer tipo de produção, embora nunca ofereça ao público algo extraordinário. Se a ousadia e potencial dramático demonstrados por ele no excelente “O Mensageiro” fossem repetidos, seu nome figuraria fácil entre os melhores de sua geração.
O inglês Simon West assumiu a direção do projeto e fez aquele que é de longe o melhor filme de sua carreira, formada por “Con Air”, “A Filha do General”, “Lara Croft: Tomb Raider” e “Quando um Estranho Chama”. Aqui o cineasta conseguiu equilibrar todos os fatores que pareciam artificiais em seus filmes anteriores. Tiros, explosões, alta velocidade e perseguições são apresentados de forma bem conjugada e não parecem enfadonhos ainda no final do último ato.
Entre tanto convencionalismo bem aplicado, o filme peca pela montagem de algumas sequências, sobretudo nas cenas de sexo. Com cortes rápidos de videoclip e edição frenética, tais cenas parecem pouco maduras e não se encaixam ao real propósito do longa. A trilha sonora escolhida para essas sequências, exemplares de raps pouco conhecidos, também não convence e agrava o problema criado pela edição.
A despeito da péssima tradução do título original – “The Mechanic” – para o português, “Assassino a Preço Fixo” vai deixar os fanáticos pelo cinema de ação grudados na poltrona. Afinal, o que é mais divertido que aquela profusão de tiros e perseguições em alta velocidade na tela do cinema?
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Jáder Santana é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Experimentou duas outras graduações antes da atual até perceber que 2 + 2 pode ser igual a 5. Agora, prefere perder seu tempo com teorias inúteis sobre a chatice do cinema 3D.
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