RochaXY – S02E05 – Power Rangers

domingo, 20 de março de 2011

Invasão do Mundo: A Batalha de Los Angeles - Crítica


Ter suas metrópoles destruídas por ataques alienígenas só pode ser um fetiche dos norte-americanos. E a cidade-símbolo de Hollywood parece ser o alvo preferido dos realizadores de filmes-catástrofe e seus extraterrestres animalescos. Apenas três meses depois de vir abaixo de forma vergonhosa em “Skyline – A Invasão”, L.A volta a ser devastada por agressivas máquinas de outro planeta neste “Invasão do Mundo: A Batalha de Los Angeles”. Dispensando atores de segundo escalão, luzes abdutoras e relacionamentos afetivos inconvenientes, mas dono de um roteiro extremamente irregular, o longa até que se sai melhor do que o colega de gênero, mas ainda fica longe de um resultado minimamente satisfatório.


O que importa aqui é a ação. Até ai não há problemas no filme, já que ele proporciona 110 minutos de pura adrenalina por meio de muitas correrias e incontáveis tiroteios, contando, claro, com o padrão técnico (entenda edição e direção de arte) do cinema mais caro do mundo. No entanto, só há ação. Não espere se identificar com nenhum personagem, chocar-se ao ver alguns deles morrerem, rir de alguma situação embaraçosa ou saber detalhes sobre a invasão alienígena. Exemplo típico da falta de conteúdo que se alastra por Hollywood há décadas, a fita apresenta um cenário de guerra no padrão selecionado por gente despolitizada e sem um mínimo de ousadia cinematográfica.

Estamos falando principalmente do trabalho realizado por Christopher Bertolini (“A Filha do General”), roteirista em sua primeira produção para os cinemas depois de dez anos de abstenção. Trazendo um simples ponto de vista de militares alocados em Los Angeles, o script já começa apostando em clichês, apresentando as caricaturas que dominarão as telas nos próximos minutos. Estão lá o jovem tenente prestes a se tornar pai, o general recém-aposentado que é forçado a fazer uma última missão, o soldado que acabou de perder o irmão nas batalhas do Oriente Médio, dentre outros. E eles são tantos e tão mal expostos que se torna uma tarefa engenhosa identificá-los ao longo da projeção, tornando-se extremamente indispensável a passagem de introdução da película que faz questão de dedicar sequências exclusivas para cada um deles, chegando ao ponto de escrever seus nomes em tela. Um tom mais emotivo também busca ser inserido, mas a direção de Jonathan Liebesman (“O Massacre da Serra Elétrica: O Início”) é tão tímida nesse sentido que todas as tentativas de derramamento de lágrimas logo são substituídas por cenas que trazem a metrópole californiana em chamas. Um mínimo de envolvimento acontece com um dos personagens lá pelo segundo ato da obra, mas não com os protagonistas, e sim com o coadjuvante Rincón, papel interpretado com elogiável discrição por Michael Peña. É a certificação óbvia de que estamos diante de um roteiro frágil que resultou em um filme esquecível, incapaz até de trazer uma apropriada visão global dos acontecimentos trágicos que se repetem em outros vinte países, erro fracassadamente justificado pela pretensão de uma continuação improvável.
Sim, Bertolini ainda faz questão de deixar as portas e as pontas abertas para que um segundo filme as explique, já que aqui os pontos de interrogação nos perseguem até os créditos finais. Dentre eles estão inúmeros que envolvem os próprios extraterrestres em si, como as armas utilizadas por eles, de que os seres realmente são compostos e qual estratégia possuem para dominar o mundo, além de selecionar as cidades mais cinematograficamente clássicas. A falta de criatividade também é um problema, voltando a colocar o dilema da água (ou da falta dela) no cerne da história, assim como trazendo um desfecho extremamente previsível. E por acaso, apenas por curiosidade, alguém já viu ETs de pior pontaria do que estes? É bem provável que um não categórico seja a sua resposta.
Como está se tornando praxe em grande parte dos longas americanos, a direção em “Invasão do Mundo” é bem superior a trama. Jonathan Liebesman nos apresenta a um caos que prende a atenção, incrementando com sustos previsíveis, mas eficientes, escondendo a face do inimigo para torná-lo ainda mais amedrontador. Com uma câmera tremida, acrescentada a imagens digitais e cortes rápidos, Liebesman monta sequências de qualidade, como o tiroteio na ponte ou busca por civis em uma base da polícia. No entanto, o ritmo incessante se torna cansativo, revelando uma falta de noção de dosagem que prejudica a ação.
Com US$ 100 milhões de orçamento, “Invasão do Mundo” decepciona também no nível de seus efeitos especiais, nunca fazendo o espectador se defrontar com os alienígenas e falhando ao usar técnicas melhor exploradas por filmes do gênero, como “Distrito 9″. Além disso, as atuações não se sobressaem, sendo o ascendente e competente Aaron Eckhart o principal expoente do baixo nível das performances. Mas não culpe os atores isoladamente. Não há possibilidade de se fazer muito com o que é proporcionado pelo roteiro. Aliás, Christopher Bertolini é o principal responsável por mais um novo fracasso de ataque extraterrestre nas telonas. Espera-se apenas que o esperado “Super 8″, de J.J. Abrams, não siga pelo mesmo caminho.
______________________________________________________________
Darlano Dídimo é graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, não a substituindo por nenhum outro entretenimento, por maior que ele possa ser.

De Cinema com Rapadura

Nenhum comentário:

Postar um comentário