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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fúria Sobre Rodas - Crítica


Na última década, Nicolas Cage foi um sargento americano em guerra contra o Japão, explorou tesouros perdidos, vendeu armas, trocou socos com o demônio e, pasmem, acabou de ressuscitar do purgatório. Revendo os títulos de sua filmografia mais recente, não é de se estranhar o lugar do qual ele teve que sair. Para sua tristeza, é pra lá que ele deve voltar assim que seu último filme, “Fúria Sobre Rodas”, sair dos cinemas. Pelo menos até que outro fiasco cinematográfico o retire de lá novamente.
Para aqueles que imaginavam que em "Caça às Bruxas" o astro havia atingido o limite humanamente aceitável do bizarro, assistir “Fúria Sobre Rodas” vai ser uma experiência curiosa. Se a história de uma inocente garota acusada de bruxaria conseguiu causar, entre todos os pontos criticáveis, alguma boa impressão, o retorno de Cage, agora dotado de poderes retirados das trevas, não oferece ao público nenhum atrativo. Pelo contrário, a nova história é tão absurda e caricata que foge do risível e se torna constrangedora. Para nós e para Cage.
O diretor Patrick Lussier, mais conhecido por colocar em três dimensões sua adaptação de "Dia dos Namorados Macabro", experimenta em seu novo filme uma excessiva mistura de elementos incongruentes. Cage volta do outro mundo para recuperar sua neta, sequestrada pelos membros de uma seita diabólica, e para vingar a morte de sua filha, assassinada pelo mesmo grupo. Em seu encalço, está ainda uma espécie de anjo (ou demônio) da morte, insatisfeito pelo retorno de Cage ao mundo real, e a equipe policial de uma cidade empoeirada. Acompanha Cage em sua empreitada uma loira fogosa que trocou tapas com o noivo e não tem mais nada o que perder. O caldeirão de incoerências de Lussier ainda é condimentado pelos coadjuvantes, que vez ou outra aparecem em cena com o objetivo de tirar um naco do pescoço do astro. Pronto, é só se servir.
É evidente que Cage domina como ninguém os golpes difíceis e mortais aprendidos durante sua temporada no inferno. Um soco aqui, um chute ali, muitos tiros, golpes de faca e uma interessante cena que vai te fazer repensar seu conceito de sexo perigoso. A filmagem de Lussier oferece ao público ângulos e recursos bizarros de câmera lenta para acompanhar as investidas de Cage e garantir alguma graça ao propósito 3D que carrega. Nada muito eficiente.
Se quiser rir um pouco, atenção ao papel de William Edward. Mais conhecido por seu trabalho como o agente Mahone, na série televisiva "Prison Break", Edward é o Contador, anjo da morte que veio buscar e levar Cage de volta ao seu lugar eterno. Usando seu olfato para seguir o trajeto e as pistas deixadas pelo protagonista, o Contador ainda oferece ao público uma gama de situações constrangedoras. Não é preciso explicitá-las. Assista e entenda.
Entre tantas produções de qualidade duvidosa, críticas ferrenhas e apelos desesperados de um time de fãs que ainda acredita em seu potencial como ator, Cage continua selecionando papeis que soterram seus bons trabalhos. O premiado astro de "Despedida em Las Vegas", "Adaptação" e "Feitiço da Lua" parece ter perdido a bússola que orientava suas decisões. Resta saber por quanto tempo seu nome e seu passado serão suficientes para sustentar os projetos que seleciona.
A melhor lição que você pode tirar de “Fúria Sobre Rodas” é a paciência, pela história interminável e repetitiva, e a certeza de que Nicolas Cage sempre vai estampar algum cartaz da bilheteria dos cinemas, não importa o nível de constrangimento causado pela sua última atuação. Aliás, sempre desconfiei que a humanidade fosse um pouco masoquista.
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