RochaXY – S02E05 – Power Rangers

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Uma Manhã Gloriosa - Crítica


Do mesmo diretor de Um Lugar Chamado Notting Hill. Da mesma roteirista de O Diabo Veste Prada. As referências citadas, definitivamente, chamam a atenção do público para uma posterior conferida em “Uma Manhã Gloriosa”. No entanto, são as presenças de Diane Keaton e Harrison Ford, dividindo não só a tela, como também a bancada de um telejornal, que é o grande atrativo inicial do filme. Afinal, estamos diante de dois grandes atores, cujas filmografias parecem não condizer com a comicidade apresentada pelo filme, fazendo nascer o interesse sobre como se apresentarão fora de sua zona de conforto. E eles não decepcionam. Ao lado de Rachel McAdams, eles nos divertem, resumindo o resultado do longa: uma comédia extremamente eficiente, cujas piadas, no entanto, exploram conteúdo televisivo vergonhoso, sem ao menos questioná-lo.
No centro da história temos Becky Fuller (McAdams),uma  jovem produtora em ascensão de um telejornal de sucesso. Completamente dedicada ao trabalho, ela, finalmente, parece que vai colher os frutos por deixar a vida particular de lado. A promoção, porém, é confundida com uma desagradável e surpreendente demissão, que a deixa desolada por um momento, mas que posteriormente a faz correr atrás de uma nova oportunidade. E ela chega, mas carregada de enormes problemas a serem resolvidos.
Função: ser a produtora executiva do Daybreak, programa matutino que já teve seus momentos de ouro, mas que hoje é um dos últimos colocados nos disputados índices de audiência local. Como primeira grande mudança, Becky demite um dos apresentadores e convoca o consagrado e odiado jornalista Mike Pomeroy (Ford) para substituí-lo e dividir o posto com Colleen Peck (Keaton). Agora, além de ter de lidar com a falta de conteúdo do programa, ela também é obrigada a aguentar o egocentrismo dos apresentadores, assim como a pressão por melhorias quantitativas da direção da emissora. Enfim, os desafios mostram-se maiores do que pareciam inicialmente ser.
“Uma Manhã Gloriosa” é o típico caso do filme que jamais desagrada, mas que também fica longe de receber aplausos. A simpatia da trama é enorme, tudo devido a uma protagonista cheia de vida, dona de seu próprio destino, que sabe ser competente sem jamais se tornar desagrádavel. Becky Fuller é daquelas jornalistas que não esquecem as responsabilidades que possuem nem mesmo na hora de um encontro amoroso, tendo como um de seus amigos mais próximos o celular. A energia trazida pela performance de Rachel McAdams faz dela alguém afeiçoável, mesmo que o roteiro não deixe que a conheçamos por completo.
O elenco, aliás, é o que há de melhor no filme. Além de McAdams, Harrison Ford e Diane Keaton surpreendem ao encarnarem caricaturas cômicas bem distintas das que já vimos interpretarem anteriormente. Os dois são os principais motivos de risadas do longa, seja ao se confrontarem sem vergonha em plena exibição ao vivo, ao destilarem seu veneno sobre a personagem principal ou ao concordarem ou não em realizarem as nada originais pautas propostas pela produção. Outros estereótipos também divertem, como o repórter que vira personagem ou a apresentadora de fofoca dona de um futilidade sem igual.
Neste sentido, o roteiro de Aline Brosh Mckenna (Vestida para Casar) cumpre o que se propõe, mas deixa de ir além ao querer se levar demasiadamente a sério, quando o que é apresentado passa ao largo disso. Além de tentar inserir sem sucesso um drama que envolve Pomeroy e um romance que desperdiça a presença de Patrick Wilson, a história traz uma mensagem que parece encomendada por ambiciosos diretores de emissora de televisão alucinados por índices de audiência, ainda fazendo da protagonista uma heroína por seguir pelo mesmo caminho.
Mckenna, enfim, joga no lixo toda a credibilidade de seu conto sobre o encontro da realização profissional ao fazer de Becky uma produtora sensacionalista e que mesmo assim ainda recebe os parabéns dos colegas de trabalho, além de promissoras propostas de ascensão profissional. Um absurdo questionado apenas pelo próprio Pomeroy. Mas nada que o roteiro trate de consertar… para pior. Não haveria problemas se a partir desse contexto o filme realizasse uma paródia, mas o que vemos é uma ode a falta de qualidade, sem um mínimo de discernimento crítico.
Dessa forma, “Uma Manhã Gloriosa” se perde, contando ainda com uma direção comum de Roger Michell (o que são aqueles planos tortos sem necessidade?) e uma trilha sonora pouco marcante para o gênero. Criticável aos olhos mais analíticos, mas divertido aos que procuram um passatempo rápido, o filme se sustenta em piadas pontuais e um elenco que une talentos da nova e velha Hollywood. Apenas não tente tirar nenhuma boa mensagem após a subida dos créditos finais, principalmente em âmbitos profissionais.
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Darlano Dídimo é graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, não a substituindo por nenhum outro entretenimento, por maior que ele possa ser.

De Cinema com Rapadura

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