RochaXY – S02E05 – Power Rangers

domingo, 4 de setembro de 2011

Deu a Louca na Chapeuzinho 2: você ainda vai dar boas risadas


Boa parte dos personagens que povoaram nosso imaginário infantil foi incluída nesse caldeirão de referências. O tempero são as pinceladas nada sutis baseadas em grandes sucessos do cinema e alusões aos ícones da cultura pop. Conhecer tais referências é requisito quase essencial para rir das piadas de “Deu a Louca na Chapeuzinho 2”, que agora aposta em uma nova vertente: a aventura.
Não que o humor tenha sido deixado de lado, mas aquela profusão de piadas do primeiro filme foi parcialmente substituída por explosões, vôos rasantes e muita velocidade. O novo “Deu a Louca na Chapeuzinho” parece, antes de tudo, uma animação pensada para satisfazer as exigências de um público infantil aficionado por games de ação e desenhos de super-heróis. Quando essa turma for ao cinema, certamente ficará impressionada com a qualidade das cenas de luta e perseguições no melhor estilo vilão versus mocinho. As crianças também vão rir, algumas vezes, por conta de uma ou outra piada que não exige uma bagagem cultural mais sólida para ser entendida. Mas, para os pequenos, o grande trunfo é a agilidade do roteiro.
O público com maior experiência cinematográfica vai esboçar um sorriso no rosto quando perceber que filmes como “Kill Bill” e “Missão Impossível” foram homenageados pela animação. De forma pouco original, é verdade, mas devidamente homenageados. A boa surpresa fica por conta do reaparecimento do vilão do primeiro filme, o coelho Boingo, em uma bem bolada referência ao Dr. Hannibal Lecter, de “O Silêncio dos Inocentes”. Certamente é o “Hello, Clarice” mais engraçado que você já assistiu.
As ligações criadas entre as referências funcionam como suplementos para a velocidade da narrativa, que mais parece a adaptação cinematográfica de um game para o público jovem. O filme inteiro permanece exageradamente “redondo” – a equipe de arte soube manter as características estéticas do primeiro longa – como se personagens e cenários mantivessem sempre um aspecto pueril, apesar da violência camuflada que envolve a história.
Em algumas sequências, é possível vislumbrar que aquilo seria perfeitamente adaptado para algum game de aventura, com seus ângulos confusos e movimentos milimetricamente planejados, seja deslizando por uma espécie de viga montada sob o ar, ou enfrentando um monstro verde que impede sua passagem até o destino final.
O grande problema de “Deu a Louca na Chapeuzinho 2” é a relativa previsibilidade de seu roteiro – o que não deixa de ser aceitável para uma animação de proposta infanto-juvenil –, mas que sempre pode ser tomada como uma falha que poderia ser contornada. Os pequenos precisam aprender aqueles valores exaustivamente repetidos nas escolas e aulas de catecismo: respeito ao próximo, perdão pelas falhas alheias, força de vontade, piedade. Mas até isso pode ser tratado de forma subliminar em um filme que carregue essa proposta.
O saldo final de “Deu a Louca na Chapeuzinho 2” é positivo, embora com pontuação inferior ao primeiro. O filme deve agradar crianças, jovens e adultos, fãs de aventura e bom humor. Não vale ir ao cinema esperando pela animação mais engraçada do ano. Deixe todas as expectativas em casa.
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Jáder Santana é estudante de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Experimentou duas outras graduações antes da atual até perceber que 2 + 2 pode ser igual a 5. Agora, prefere perder seu tempo com teorias inúteis sobre a chatice do cinema 3D.


De Cinema com Rapadura

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