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domingo, 4 de setembro de 2011

Apollo 18: estreia nos cinemas mais um fraco mocumentário de terror


Já não mais basta fingir um amadorismo com meros estranhos acontecimentos particulares, como “A Bruxa de Blair”, ainda em 1999, e “Atividade Paranormal”, mais recentemente, fizeram. Os pseudo documentários de terror estão mais pretensiosos nos dias atuais, chegando ao ponto de se unir a uma ficcionalização que reconstitui o que a câmera deixou de registrar, como em “Contatos de 4º Grau”, ou elevando seu nível de sobrenaturalidade a uma escala acima do aceitável, como em “O Último Exorcismo”. O subgênero agora também mexe com assuntos históricos, não hesitando ainda em levar o suspense para a lua, como é neste “Apollo 18”.
A simplicidade, porém, parece ser a melhor escolha para fazer um filme eficiente, que assuste e intrigue nas mesmas proporções, já que este novo longa passa longe de provocar curiosidade e medo em seus espectadores. Com tal ambição, nem mesmo uma forte publicidade (quesito importante nestes tipos de produções) tem chances de se destacar e fazer o filme sobreviver à primeira busca na internet por fatos que se relacionem à história. Como mero cinema, a ser conferido na grande sala escura, então, o longa é um terror limitado que mostra demais e esconde de menos.
Segundo descrição apresentada anteriormente ao início da exibição, os vídeos (“encontrados” por russos) seriam registros de dois astronautas americanos encarregados da missão secreta no espaço lunar denominada Apollo 18, quando a NASA alega que a Apollo 17 encerrou viagens do gênero. Entre ordens requeridas pelo Ministério de Defesa dos EUA, a dupla se depara com uma série de acontecimentos misteriosos que acabam ameaçando não só o seu retorno à Terra, como a própria vida de ambos.
Sob direção de Gonzalo López-Gallego, espanhol em sua primeira incursão hollywoodiana, a película até que possui um início promissor. As imagens envelhecidas se unem a uma edição cheia de erros propositais que convencem em sua constante luta por verossimilhança. Depoimentos dos astronautas enviados na missão contribuem para dar à fita um aspecto ainda mais semelhante a um documentário. A direção de atores (todos desconhecidos, como não poderia ser diferente) também merece elogios ao trazer atuações naturais, com seus improvisos e diálogos curtos de pouca relevância.
Ao decolar em direção à Lua, no entanto, a mise-en-scène se perde. Utilizando a justificativa, pelo roteiro, de que a missão tem como ordem o registro de absolutamente tudo o que acontecer com os astronautas, o diretor distribui câmeras por todos os lados, dando a seus personagens uma questionável capacidade de filmar sem grandes tremedeiras ou desfoques. O mistério, então, deixa de existir e passamos a ter acesso às mesmas imagens dos protagonistas, fazendo desaparecer qualquer busca por tensão que o longa tenta instalar em seu ato final.
Por isso mesmo, “Apollo 18” transforma-se tanto em um fraco mocumentário como em um decepcionante terror. Conta-se nos dedos de uma mão as vezes em que tomamos susto. Chega a incomodar a falta de ousadia do diretor em fugir de um exigível realismo e cair em um didatismo que satisfará o público comum, mas que fará os mais exigentes reclamarem por terem tudo ao seu alcance, por conseguirem suas respostas muito facilmente. São tantas câmeras em tantos espaços diferentes que a edição pode escolher uma variação de tomadas que favorece o ritmo, mas que contradiz por completo as intenções cinematográficas do longa.
O roteiro de Brian Miller também não coopera. Por mais que suas ideias “sobrenaturais” soem originais, permitindo-se fugir de padrões estéticos tão recorrentes quando o assunto é cinema, a trama não convence como construção histórica, dando a seus personagens uma inocência nada aceitável para profissionais de tamanha especialidade. Miller falha ainda em seu desfecho clichê e de pouca emoção que leva a um encerramento que ainda permite-se dar satisfações “oficiais” para a missão. Mas neste ponto o desinteresse já bateu, assim como o arrependimento.
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Darlano Dídimo é graduado em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é adorador da arte cinematográfica desde a infância, mas só mais tarde veio a entender a grandiosidade que é o cinema.


De Cinema com Rapadura

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